Ele é o único que me aceitará…
Michael Emerson é um dos melhores atores da TV atualmente, isso é fato. Mas quando a atuação dele foi apenas parte de um episódio em que NADA deu errado… temos Lost mostrando mais uma vez porque é uma das séries mais brilhantes da TV.
Desde que surgiu gritando por socorro, preso numa das armadilhas de Rousseau na 2ªtemporada, Benjamin Linus precisou de poucos episódios pra virar meu personagem favorito em Lost. Construído e interpretado de modo absolutamente brilhante, ele ganhou um espaço inesperado e logo se tornou um dos personagens centrais da série. Foi manipulador, assassino e vítima ao mesmo tempo. E no momento mais “final de série” de Lost até então, parece que finalmente conseguiu sua redenção.
Antes de falar da cena em si, tem outros aspectos interessantes do episódio para abordar, como por exemplo, o FlashSideway. Tenho fé que uma hora ou outra todos eles terão uma razão de existir – não apenas fazer paralelos com o que os personagens são na ilha – mas enquanto isso não acontece, devo dizer que esse foi, de longe, o melhor flash dessa temporada até agora. Diferente dos flashes de Kate, Jack e Locke, que só mostraram uma nova história para os personagens, fazendo apenas uma referência aqui e ali para comparar com os acontecimentos da ilha, tudo o que aconteceu com Ben na realidade paralela tinha relação direta ao que acontecia/aconteceu na ilha.
Algumas coisas, como o fato de Ben ser ardiloso e fazer tudo o que pode para conseguir o que quer, nunca mudam. No entanto, se na ilha Alex perdeu a vida pelo desespero do ex-líder dos Outros por poder, na realidade paralela ele preferiu vê-la bem-sucedida na faculdade, abrindo mão de ser o novo diretor da escola onde leciona.
Tivemos também a primeira referência a Iniciativa Dharma na realidade paralela, mostrando que de fato, ela chegou a existir nessa versão da história, mas Ben e seu pai caíram fora antes do caldo entornar (provavelmente, hehe). Ah sim, num mundo onde Sayid nunca atirou no – na época – futuro líder dos Outros, que nunca foi salvo pelos Outros, Ben e seu pai tem uma relação pai-e-filho que nenhum outro personagem tem em Lost: os dois gostam e cuidam um do outro.
Mas, apesar de ter adorado o FlashSideway, foi na ilha que a coisa foi realmente fantástica. Tensão é algo que está sempre presente, de uma forma ou de outra em Lost, principalmente nessa temporada, afinal, sempre estamos esperando respostas agora. Mas aqui, como em todo episódio maravilhoso da série, a coisa foi em um outro nível, talvez até maior que o da semana passada. E foi assim tanto na praia, com Ben, Illana e cia, quanto com Jack, Richard e Hurley.
Falando neles, excepcional a cena no Black Rock, não? Pra começar, como todo mundo já esperava, Richard chegou na ilha no misterioso navio negreiro. O que ele fazia lá, ainda acho um mistério. Mas bom mesmo foi a conversa entre Jack e Richard. Primeiro, porque Matthew Fox é um ótimo ator (num personagem que odeio, mas um ótimo ator) e Nestor Carbonell vem me impressionando, o que me deixou com grandes expectativas para o episódio centrado em Richard. Depois, porque foi Jack, veja só, quem deu o chacoalhão no conselheiro dos Outros falando pra ele deixar de ser bobo e tentar se matar, porque isso não vai funcionar. Afinal, não funcionou com ele, lembram?
Mas, vamos a melhor parte do episódio, que rolou na praia. Illana bad-ass foi realmente assustador, devo dizer. E foi nessa parte que tivemos o clima tenso “em outro nível” que eu falei. Há uns dias atrás, eu realmente comecei a considerar a possibilidade de explodirem as cabeças de todos os fãs com a morte de Ben nesse episódio. Afinal, pensem bem: a história dele foi contada em Lost, se ele morresse, além de ser uma reviravolta inacreditável, não deixaria mistério nenhum pendente. Então, quando Illana mandou ele fazer uma cova para si mesmo, eu pensei “Putz, ferrou” (em outras palavras, óbvio, mas fica feio escrever aqui)…
Antes que pensem errado de mim, não queria que Ben morresse, por favor, ele é o meu favorito na série. Mas realmente considerei a possibilidade. E de fato eu não via saída para o personagem, até Evil Locke surgir libertando o ex-líder dos Outros do seu “trabalho”. E daí, finalmente, chegamos a grande cena do episódio. Quando assisti pela primeira vez, já eram altas horas da madrugada e eu não vou mentir, que estava bem sonolento (não porque o episódio estava ruim, longe disso, mas porque estava cansado mesmo…). Mas depois dessa cena, meu sono foi embora.
E realmente, depois de Ben desabafando, abrindo seu coração de modo completamente sincero, pela primeira vez, demorou pra eu pegar no sono depois. Já revi ela umas 10 vezes e sempre fico com vontade de levantar e bater palmas para Michael Emerson. Sua voz tremida, o rosto sofrido, o jeito de falar… quando ele fala a frase que abre esse review, por mais horrível que sejam as coisas que ele tenha feito, por mais erros que tenha cometido, é impossível não se comover.
O final do episódio, uma marca registrada de Lost, mostrando cada personagem refletindo ou fazendo algo e um grupo se encontrando com o outro na praia com direito a slow-motion e a trilha do Giacchino embalando tudo, nunca perde a graça né? Sempre acho bonito e acontece umas 10 vezes toda temporada. Claro que sempre tem uma peculiaridade, nesse caso, Ben sozinho e isolado ao fundo enquanto todos se abraçam.
E no que foi o melhor cliffhanger da temporada até agora, tivemos Charles Widmore chegando na ilha de submarino! Fiquei feliz porque isso é absurdamente promissor e porque quando Jacob disse que tinha alguém importante vindo pra ilha, eu apostei que era Widmore na hora. Acho que é a primeira vez que acerto tentando adivinhar o que vai acontecer em Lost.
Não há a menor dúvida de que esse foi o melhor episódio da temporada até agora, certo? Maravilhosamente bem escrito, dirigido, tenso do início ao fim e com atuações sensacionais de todo o elenco, com destaque, óbvio, para Michael Emerson, um verdadeiro monstro em cena. Não tem como eu ficar mais empolgado com Lost agora. Contando os dias para o próximo episódio!
Nota: 10
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